PONTOS DE CONTATO DE FÉ, AGUA UNGIDA, ROSA UNGIDA, É DE DEUS?

PONTO DE CONTATOS DE FÉ, SIMBOLOGIA DA FÉ EM IGREJAS PENTECOSTAIS E NEOPENTECOSTRAIS, LEIA A MATÉRIA E DE SUA OPINIÃO

Roberto Marques é educador, teólogo, escritor e palestrante. Doutor em Teologia, com ênfase em Trabalho Humano. Atua nas áreas de Educação, Educação Profissional e Empreendedorismo.

Tema: Fé e Milagres

Titulo: Os "Pontos de Contato" na Igreja

Óleo ungido, lenço de oração, rosa consagrada, imposição de mãos, copo com água, mãos na televisão, troca de anjo, reza forte, relíquias, amuletos, água ungida, imagens, banho de sal grosso... A utilização popular de “pontos de contato” não é uma prática nova e tão pouco exclusiva dos evangélicos.             “A fé é a firme confiança daquilo que se espera e a convicção daquilo que não se vê”, escreveu o apóstolo Paulo (Hb 11.1). Jesus resumiu a fé da seguinte maneira: “Não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz” (Mc 11.23 - NVI).        Tanto na definição de Paulo, quanto na de Jesus, não entra a necessidade de “pontos de contato” para a fé.             Se você utiliza o ponto de contato para sensibilizar, barganhar ou pressionar Deus a cumprir o seu desejo – está perdendo tempo. O ponto de contato nada tem a ver com Deus, e sim com você.             A fé nada tem a ver com o tamanho da vela acesa, nem com o valor da oferta trazida e nem com o tempo que se passa orando. A decoração da igreja, os testemunhos públicos ou os louvores entoados também não têm relação direta com a fé. A presença de multidões, os preparativos festivos e o prestígio do conferencista não são essenciais a fé. A penitência não entra na definição da fé e a santidade pode estar alheia a ela. Existe fundamentação bíblica             Precisamos reconhecer que a utilização de “pontos de contato” tem fundamento bíblico.             Naamã foi curado da lepra ao mergulhar sete vezes no rio Jordão (2Rs 5). Moises levantou no deserto uma serpente de metal para quem olhasse para ela ficasse curado da picada de cobra (Nm 21.9). Os discípulos utilizavam “óleo” na cura dos enfermos (Mc 6.12). Uma mulher foi curada ao tocar as vestes de Jesus (Mt 9.21). Alguns doentes foram curados pela sombra de Pedro (At 5.15). Pedaços da roupa de Paulo também curaram muitas pessoas (At 19.12).             O senhor Jesus também recorria a “pontos de contato”, quando “aplicava saliva” (Mc 9.23) ou utilizava “lodo de cuspe e terra” para curar (Jo 9.6,7). O que dizer, então, da “imposição de mãos” ensinada por Jesus (Mc 16.18) e da “unção com óleo” a que Tiago se refere (Tg 5.14)?             A cura é alcançada pela fé, mas muitas pessoas crêem que serão curadas no momento em que recebessem a imposição das mãos ou fossem untadas com óleo.             Esses são processos incomuns, que podem contribuir para a cura, mas não são eles que curam.             Não é o fato de dar dinheiro ou tomar banho de sal grosso, em si, que produz o milagre. O único valor está em suscitar sentimentos de fé É certo ou errado utilizar?             O ponto de contato NÃO é condição básica para o milagre. O milagre é sempre o resultado da fé. Quem causa o milagre é a fé e não o sofrimento e nem o sacrifício.             Então – você poderá questionar - é errado utilizar os pontos de contato na busca de uma benção? Não, enquanto fortalecem a fé.             Como é pela fé que alcançamos o milagre, se o ponto de contato reforça a sua fé, a sua oração será atendida, não por causa do que fez ou prometeu, mas por causa da fé.             O ponto de contato é um reforço mental em direção à fé. Nenhum ponto de contato faz milagre, mas pode ajudar a pessoa a ter fé. Assim, o ponto de contato, em si mesmo, não tem valor, porque não é o sacrifício que produz o milagre e sim a fé.             Mas, então, as pessoas sofrem à-toa? Também não. Para alguns, o sofrimento e o sacrifício acaba se tornando numa forma de ativar a fé. Imagine aquele irmão que participa todas as noites, durante sete noites, de uma “corrente de oração”: cada noite de ministração lhe produz um estímulo mental e, por isso, vai aumentando, a cada dia, a expectativa do milagre. É um método popular muito utilizado de aumentar ou criar a fé.             O ponto de contato será benéfico a você se conseguir acionar a sua fé de que alcançará a graça solicitada. Agora, se existir fé numa única palavra, orada até mesmo na cama, produzirá o milagre. Se não existir fé nem com mil rosas, dez litros de óleo, uma tonelada de sal, 318 pastores, acontecerá o milagre.             Jesus louva aqueles que apenas crêem. “Bem aventurado os que não viram e creram” (Jo 20.29). Na maioria das curas, Jesus não utilizou “pontos de contato”. A cura do servo do centurião é um modelo perfeito da fé que cura sem esse recurso (veja Lc 7.1-10).             Agora você compreende porque o ponto de contato só tem a ver com você e não com Deus. Como funciona psicologicamente             Os “pontos de contato” funcionam psicologicamente como um reforço mental em direção à fé. É um método que pode ajudar a pessoa a ter fé.             Suponhamos que você levou da igreja para casa a “rosa ungida”. Cada vez que você olhar a rosa aviva-se na sua mente a graça que busca e a crença de que vai conseguir alcançá-la. Isso servirá de reforço á sua fé.             Se você realizar um sacrifício, por exemplo, uma oferta financeira substanciosa, isto ativará sua fé. Toda vez que você lembrar o sacrifício, pensará na obtenção da graça desejada. Sempre haverá um reforço mental em direção à fé.             Já experimentou participar de uma “concentração de fé e milagres”? A energia que passa aquela multidão emocionada, orando, chorando, louvando, levantando as mãos, carregando doentes, falando em línguas estranhas, é um fortíssimo explosivo da fé.             As “vigílias de oração”, por exemplo, são reuniões impregnadas de energia espiritual, de devoção e de condicionamento religioso que carregam uma áurea envolvente de força espiritual, ativando os centros cerebrais místicos e estimulando a mente ao estado de fé. Quando você faz uma “novena”, são nove dias em que fica pensando no milagre, desejando-o, esperando-o, estimulando-se a ele.             Emoções positivas levam o cérebro a liberar hormônios da endorfina e da oxitocina, que produzem sensações extasiantes, de enorme efeito sobre a fé.             Impor sobre si um sacrifício fora do normal é incutir na mente a idéia de que também algo de anormal vai acontecer-lhe. Quanto maior o sacrifício – pensa - maior será a benção. Por isso, os grandes desafios de “semeadura financeira” funcionam.             Fica claro que os pontos de contato não têm poder, apenas podem servir de incitamento à fé.             Método e não doutrina                Deus conhece nossa estrutura e sabe que somos pó (Sl 103.14). Os cinco sentidos (olhar, audição, paladar, odor e tato) são ótimos veículos que conduzem à fé. Evidentemente eles podem nos compelir ao pecado, mas igualmente nos aproximar de Deus.             Os “pontos de contato” se constituem num importante método de emocionalização, de sugestão, de estimulação, e são ótimos veículos que conduzem à fé, já que fazem o desejo, o sonho, o pedido, a oração, penetrar no íntimo através dos sentidos, dos olhos, dos ouvidos, das imagens.             Qualquer método positivo usado para fortalecer ou ativar a fé na busca do milagre é válido e respeitável. Mas não podemos transformar um MÉTODO em DOUTRINA.             Técnica não substitui princípios. Embora existam muitos “Tomés” na Igreja, os pastores e mestres precisam ensinar as pessoas que o verdadeiro despertar da “fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” (Rm 10.17).             Sendo assim, o ponto de contato NÃO É CONDIÇÃO BÁSICA para o milagre. O milagre sempre será um dom de Deus em resposta a sua fé. A bênção de Deus é gratuita             A Bíblia é clara em dizer que abênção de Deus é gratuita.“Aquele que não poupou o seu próprioFilho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamentecom ele todas as coisas?”(Rm 8.32; cf. Ef 2.8-9; 1Co2.12).              Infelizmente, as bênçãos de Deus têm sido “negociadas” em muitas igrejas hoje, como as indulgências o foram no passado. A prática foi ressuscitada e aperfeiçoada. Hoje se pode comprar não só a benção da salvação, mas também libertação, cura, prosperidade, emprego, casamento, dentre outras.             Uma impressionante semelhança entre igrejas ditas evangélicas e a Igreja Medieval no que tange às tentativas de se “obter a graça de Deus através de esforços humanos”, principalmente o financeiro.             A Palavra de Deus é contra o Sistema de Indulgências. As bênçãos de Deus são gratuitas e acessíveis a todas as pessoas pela fé unicamente.             Em muitas igrejas a maneira exclusiva pela qual a fé do crente é provada é pela quantidade de dinheiro que ele dá à Igreja. Muito dinheiro, grande fé. Pouco dinheiro, pequena fé. A ênfase espiritual recai sobre a quantidade de dinheiro ofertado e não a comunhão com Deus. Deus, então, é visto pelo doador como um negociador exigente e não como um Pai amoroso. O relacionamento com o Senhor é mantido na base da troca e não de amor.             Milhares de pessoas estão sendo extorquidas em nome de Deus, para que as grandes catedrais e impérios religiosos sejam construídos (2Tm 4.3). Devemos nos lembrar, que foi essa prática abusiva uma das principais causas da ruptura de Lutero com a Igreja Católica no século XVI, dando origem ao protestantismo. Os “Mercadores da Fé”             As igrejas que utilizam o método de “pontos de contato” para ativar a fé, têm conseguido maior crescimento do que outras que não utilizam o mesmo recurso. Devemos nos acautelar contra julgamentos e críticas preconceituosas. Não podemos classificar essas igrejas como desnecessárias, truque publicitário, charlatanismo, engodo.             Certa vez o discípulo João viu alguém que, em nome de Jesus, expulsava demônios, mas não era Seu seguidor e tentou proibir-lhe, porque não seguia Jesus. O Mestre, porém, o proibiu (Mc 9.39,40). Ao criticarmos alguém, podemos estar combatendo contra Deus (At 5.38,39). Devemos nos acautelar de discriminação religiosa.             É fato, que hoje os milagres de Deus são abertamente “negociados” em muitas igrejas. A posse da benção demanda contribuição financeira generosas em intermináveis “correntes”, “novenas”, “conferências”, “rituais”. Esse método de chantagem demanda do fiel que doe dinheiro em cada culto, sob pena de não alcançar a bênção.             Isso criou um mercado para “conferencistas” e “pregadores” da fé onde a capacidade espiritual está diretamente relacionada com a quantidade de dinheiro que arrecada dos crentes.             É sábio se afastar daqueles que, movidos pela avareza, negam a graça de Cristo e fazem comércio da fé (2Pd 2.1-3). Deixemos, entretanto, o julgamento dos "mercadores da fé" para Jesus (Mt 7.21-23). Somente Ele pode julgar as intenções de cada um. Roberto Marques Presidente Ministério Pescar  Roberto Marques é educador, teólogo, escritor e palestrante. Doutor em Teologia, com ênfase em Trabalho Humano. Atua nas áreas de Educação, Educação Profissional e Empreendedorismo.

FONTE: SITE WWW.MINISTERIOPESCAR.COM